Vamos falar sobre eles?

(talvez possamos, com curiosidade, reaprender juntos)


Somos coaches e isso significa que também precisamos de desenvolver pensamento crítico sobre a nossa própria profissão.

dois riscos muito frequentes e ambos nascem de um lugar legítimo: o desejo genuíno de contribuir.

  • Intelectualização

Não sei se já te aconteceu, mas eu aprendi, desde cedo, a intelectualizar quase tudo na minha vida.

A explicar, compreender e dar sentido a tudo (o que sentia, o que vivia ou o que acontecia à minha volta).

A narrativa devolvia-me segurança. E, de alguma forma, uma sensação de controlo.

A Intelectualização é um dos riscos mais silenciosos e sedutores no coaching, especialmente entre profissionais muito reflexivos, estudiosos e apaixonados pelo conhecimento (o meu caso).

A INTELECTUALIZAÇÃO:

1) Afasta-nos da experiência sentida: ficamos a pensar sobre o que sentimos, em vez de realmente o sentir.

2) Dá-nos uma falsa sensação e resolução: compreendemos o que nos acontece, mas nada muda no corpo (noutras palavras, não há verdadeira integração).

Como se manifesta?

> Clientes com grande capacidade de reflexão.

> Que compreendem bem os seus padrões, sabem explicá-los e até justificar.

> Mas que, ainda assim, reagem com controlo, medo, ansiedade, tensão…

O pensamento entende, mas o corpo ainda não.

E é nesse espaço, entre o que sabemos e o que sentimos, que o trabalho mais profundo acontece. 

Quando intelectualizamos em demasia:

> Há insights, mas não há mudanças.

> Há narrativas, mas não há integração.

E o segundo risco?

  • Idealização

A Idealização é outro risco muito presente  e também nasce de um lugar legítimo e bem intencionado:  o desejo sincero de fazer bem, de ajudar, de ser competente.

Na idealização criamos versões “perfeitas” do coaching que não existem.

> Idealizamos o cliente.

> Idealizamos o processo.

> Idealizamos o coach.

E, no fundo, isto é outra forma de evitar a realidade e a vulnerabilidade que ela traz.

A IDEALIZAÇÃO:

1) Afasta-nos do real e humano: o coaching transforma-se numa expectativa (clientes sempre motivados, sessões sempre profundas, coaches sempre regulados e disponíveis).

2) Cria pressão e desconexão: idealizamos o que “deveríamos ser” e passamos a desempenhar um papel.

Como se manifesta?

> O coach finge clareza quando está inseguro.

> O cliente sente que precisa de “performar” mudança.

> Ambos evitam a verdade para não dececionar o outro.

A idealização cria um palco e pode desumanizar a relação.

E não é assim que o desenvolvimento humano acontece. A realidade é irregular, às vezes confusa, lenta, imperfeita. 

Quando idealizamos em demasia:

> Limitamos a autenticidade e a presença, elementos fundamentais.

> Criamos personagens e  limitamos a conexão genuína.

Podemos reconhecer estes riscos sem culpa. São movimentos humanos, que nascem do desejo sincero de contribuir. Quando voltamos ao corpo, ao real, ao imperfeito, ao encontro autêntico, devolvemos humanidade ao processo.

Se queres aprofundar esta forma de trabalhar, onde pensamento, corpo e relação se encontram, o Programa RAIZ é para ti. 

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Abraço sereno,

Ana Higuera

 

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