O Coaching como profissão


Dou por mim muitas vezes a pensar na ilusão do coaching. 

Ilusão enquanto promessa de “liberdade financeira”, de “viver da tua paixão”, de “trabalhar com propósito todos os dias”.

De cada vez que vejo um profissional desta área a desistir, porque não consegue clientes, porque deixou uma vida "segura" para viver algo com propósito e não deu certo, fico a questionar-me. 

✓ Que ideia temos nós, como profissionais, sobre o que é o coaching?

✓ Que ideia andamos a passar (mesmo sem querer)?

É que, como costumo dizer, não se vive do coaching.

Transforma-se o coaching numa profissão.

E são coisas bem diferentes. 

Uma profissão exige tempo, dedicação, esforço, recursos, transitar desconforto, perseverança, ampliar competências, desconstruir crenças, serviço, compromisso, rigor, errar, testar diferentes abordagens, funções, aprendizagem contínua.

Até, eventualmente, encontrarmos espaços onde podemos sentir bem estar, expansão e senso de influência. 

Sendo que, bem estar, expansão e influência não são permanentes. Vêm e vão. O que permanece então? 

Talvez a integridade.

O compromisso com algo maior do que nós.

A humildade de continuar mesmo sem saber bem o destino.

A curiosidade pelo que ainda vamos descobrir e aprender sobre nós, sobre os outros, sobre o mundo.

A flexibilidade para mudar a rota, para voltar aos lugares que, lá trás, fizeram sentido, para encontrar novas formas de servir. Isso só revela a nossa natureza impermanente e flexível (na flexibilidade há saúde). 

Escrevo com alguma tristeza. E, também, com a convicção de quem acredita de que o coaching pode ser una profissão sólida e enriquecedora. 

Não devemos romantizar.

Nem imaginar que é só sobre abrir uma conta mas redes e encher uma agenda. 

Talvez precisemos de interiorizar que para crescer lá fora, precisamos crescer desde dentro. 

E crescer desde dentro é a jornada de uma vida.


 
 
 

Abraço sereno,

Ana Higuera

 

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O Coaching mudou?